sábado, 14 de maio de 2011

ITAPUÃ QUER CONQUISTAR A SUA LIBERDADE


LIBERTEM ITAPUÃ
Devo confessar que como a maioria da população sou preconceituoso. Não no sentido de discriminação e segregação. Sou preconceituoso quando teimo, como muitos, em aceitar definições pré-concebidas, que nos forçam a aceitar como verdadeiras uma série de pensamentos e posições que não são necessariamente as nossas, mas fruto deste “pré conceito”. E sou obrigado a não apenas confessar este meu defeito humano, mas também me retratar, quando o assunto que vem a tona é a emancipação de Itapuã.
Pelas mais diferentes razões eu era terminantemente contra a autonomia deste nosso distrito. Sei lá, talvez porque a família de meu pai sendo itapoense, e eu como bom viamonense, motivado pela nostalgia dos belos verões que passei na casa de meus avós, eu egoisticamente quisesse que aquele pedaço de chão se perpetuasse como parte de nossa querida cidade. Que nenhum pedacinho sequer fosse independente! Mas agora percebo meu erro.
Quando eu tinha uns dez anos, tive a oportunidade de conhecer a Praia de Fora. Você serpenteava por estradas abertas pelos cortadores de pedra, que sobreviviam da extração, e chegava a um dos cenários mais belos que o Rio Grande possui. Mesmo com aquela vila que se formou com a ocupação irregular, aquilo ainda era belo. E encantava quem descia os morros em direção à primeira praia da Lagoa dos Patos.
Outros Tempos
Pois no final de semana que passou tive a mesma sensação ao descer os morros em direção à Varzinha do Jacaré. Que espetáculo! Que lugar maravilhoso. Tão perto de nós e tão escondido ao mesmo tempo. Belo e reservado de nossa ignorância viamonense. E ali, naquela estrada, sozinho no meu carro, me dei conta do quanto somos egoístas e injustos com aqueles nossos irmãos viamonenses.
Maldade
Chega a ser maldade o que fazemos com os moradores daquela região. Mantê-los atados à nossa infelicidade, à nossa incapacidade de crescermos e assumirmos uma posição de destaque no cenário estadual é desumano. Não é só pela beleza do lugar que falo isso. Falo de autonomia, de deixar que as pessoas daquela comunidade decidam por si, o seu futuro. Quando dia destes o João Garcia, que abraçou a causa emancipacionista, argumentava sua posição eu dei de ombros e reafirmei a soberania viamonense.
Como estava equivocado e alienado.
Não sabe o leitor como estou envergonhado. Não temos o direito, repito, não podemos deixar aquele pedaço de chão seguir atrelado à Viamão.
Libertem Itapuã imediatamente!
Assino qualquer petição às esferas nacionais se for preciso.
O futuro a Deus pertence
Não quero polemizar sobre o futuro de Itapuã. Se Itapuã seria mais desenvolvida, emancipada ou pertencendo ainda ao nosso território. O futuro a Deus pertence. O que eu quero defender é a oportunidade daqueles moradores de, com autonomia, decidirem o que é melhor para eles. Só isso. Coloquei estas idéias durante o Identidade Viamonense, sábado passado e um ouvinte da Santa Isabel protestou pela permanência de Itapuã sobre o domínio viamonense. Disse que aquele lugar é lindo demais para ser outro município. Senti que o ouvinte estava acima de tudo defendendo o orgulho viamonense. Mas aí quando falamos em emancipação do Quarto Distrito (pra quem não sabe, a Santa Isabel, Cecília e Viamópolis já tentaram a emancipação) o mesmo ouvinte que pregava a unidade viamonense disse que aí concordava.
Olhem o contra-senso!
É como o rapaz que deixa a casa do pai para construir um futuro melhor para si e pede para o pai não permitir que sua irmã tenha a mesma sorte!
Ele pode se aventurar e caminhar pelas próprias pernas, mas a irmã não.
Início de um debate
Acho que o espaço desta coluna é muito pequeno para começar este debate. Tenho até a certeza de que a maioria não vai concordar comigo. Muitas coisas estariam em jogo na possível emancipação de qualquer região do nosso município. Mas tenho que admitir que reconsiderei meus pontos de vista.
Coluna publicada em 24 de maio de 2008.
Postado por Eduardo Escobar
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